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Parte 1 – Início da Música: Muito Antes do Que Você Imagina

Capítulo 1

A história da música é muito mais rica e antiga do que muitos imaginam. Antes mesmo do período medieval, frequentemente considerado o marco inicial da música ocidental, já existiam registros que evidenciam sua importância em diversas culturas. A Bíblia, por exemplo, traz várias referências à música, mostrando como ela era parte essencial da vida humana, usada em celebrações, rituais religiosos, momentos de guerra e solenidades.


Rei Davi tocando harpa. 1622 (Gerrit van Honthorst)
Rei Davi tocando harpa. 1622 (Gerrit van Honthorst)

Instrumentos Musicais: Uma Herança Antiga

Os instrumentos musicais já eram amplamente utilizados desde os tempos mais remotos e apresentavam uma variedade impressionante. Em Gênesis 4:21, lemos: “O nome do seu irmão era Jubal, que foi o pai de todos os que tocam harpa e flauta.” Isso indica que instrumentos sofisticados já existiam desde os primórdios da civilização.Outras passagens reforçam o uso de instrumentos musicais:

  • 1 Samuel 10:5: “Quando você se aproximar da cidade, encontrará um grupo de profetas que descerá do alto, tocando liras, tamborins, flautas e harpas, e eles estarão profetizando.”

  • 2 Samuel 6:5: “Davi e toda a nação de Israel estavam celebrando com todas as suas forças perante o Senhor, com castanholas, harpas, liras, tamborins, chocalhos e címbalos.”

  • 1 Reis 10:12: “Com a madeira de sândalo o rei mandou fazer corrimãos para o templo do Senhor e para o palácio real, além de harpas e liras para os músicos. Jamais se trouxe madeira de sândalo como essa, nem se viu coisa igual até o dia de hoje.”


Além disso, textos como 1 Crônicas 16:42, Eclesiastes 2:8 e Isaías 5:12 mostram que a música fazia parte do cotidiano e tinha uma relevância cultural enorme.


Música na Guerra: Ritmo e Estratégia

A música também desempenhava um papel estratégico nos tempos de guerra. Em Números 10:9, lemos: “Quando em sua terra vocês entrarem em guerra contra um adversário que os esteja oprimindo, toquem as trombetas. Então o Senhor, o Deus de vocês, se lembrará de vocês e os libertará dos seus inimigos.”Outro exemplo impressionante é o relato de Josué 6:4, durante a queda de Jericó: “Sete sacerdotes levarão sete trombetas de chifres de carneiro à frente da arca. No sétimo dia, marchem todos em volta da cidade sete vezes, com os sacerdotes tocando as trombetas.”

Outras passagens, como Juízes 3:27 (“Assim que chegou ali, tocou a trombeta na região montanhosa de Efraim, e os israelitas desceram com ele das colinas, tendo-o à frente”) e 1 Samuel 13:3, destacam o uso de instrumentos para convocar tropas ou anunciar vitórias, mostrando que a música não era apenas prática, mas também simbólica.


Orquestras e Coros: Uma Tradição Rica

Muito antes das grandes orquestras do período romântico, já havia registros de grupos musicais organizados. Em 2 Crônicas 5:12, lemos sobre os levitas que tocavam juntos instrumentos diversos: “Todos os levitas que eram músicos — Asafe, Hemã, Jedutum e seus filhos e parentes — estavam vestidos de linho fino e posicionados a leste do altar, tocando címbalos, harpas e liras. Estavam acompanhados por 120 sacerdotes que tocavam trombetas.”


Outros textos, como Esdras 3:10 (“Quando os construtores colocaram os alicerces do templo do Senhor, os sacerdotes, com suas vestes e suas trombetas, e os levitas, filhos de Asafe, com os címbalos, tomaram seus lugares para louvar o Senhor, conforme prescrito por Davi, rei de Israel.”), mostram a organização detalhada de músicos e cantores.

Os coros também tinham grande importância. 1 Crônicas 9:33 descreve: “Os cantores, chefes das famílias levitas, ficavam em quartos adjacentes ao templo e estavam isentos de outras tarefas, pois se dedicavam ao seu trabalho dia e noite.” Em 1 Crônicas 25:5-7, vemos como os coros eram formados e treinados, incluindo cantores habilidosos que lideravam o louvor.


Um exemplo marcante da união entre coros e instrumentos está em 1 Crônicas 15:16: “Davi ordenou aos chefes dos levitas que nomeassem seus parentes como cantores para cantar canções alegres, acompanhados por instrumentos musicais: liras, harpas e címbalos.”


A Riqueza da Música Antiga

Apesar de tantas evidências, a música anterior ao período medieval é muitas vezes subestimada ou ignorada nos estudos históricos. Contudo, os registros bíblicos demonstram que a música antiga era incrivelmente rica e diversificada. Ela permeava todos os aspectos da vida: celebrações religiosas, cerimônias políticas e até os campos de batalha.


A música sempre foi uma linguagem universal, capaz de expressar sentimentos, unir pessoas e transcender culturas. Reconhecer essa riqueza é essencial para entender como a música se desenvolveu ao longo dos séculos. Afinal, a música medieval, tão celebrada nos estudos formais, é apenas um capítulo em uma história muito mais ampla e fascinante.

Referências Bibliográgicas

SMITH, John Arthur. Music in Ancient Judaism and Early Christianity. Farnham: Ashgate Publishing, 2011.

CLAIRE, Dom Jean. Le Chant Grégorien. Solesmes: Abbaye Saint-Pierre, 2003.

CONE, James H. The Spirituals and the Blues: An Interpretation. Maryknoll: Orbis Books, 1991.

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