Entrevista - Conjunto de Sinos
- Casa de Música
- 10 de mar.
- 5 min de leitura

O Grupo de Sinos da Primeira Igreja Batista de Niterói está na ativa desde 1976, quando a igreja recebeu duas oitavas de Handbell Schulmerich. Com 9 integrantes, o grupo ensaia semanalmente sob a regência de Gilza Senna. Além de participar das programações da igreja, o grupo se apresenta em diversos eventos pela cidade de Niterói e pelo estado do Rio de Janeiro, com destaque para o concerto no Teatro da UFF, acompanhado pela pianista Priscila Bomfim.
Para Gilza Senna (Regente)
1.Como você começou a trabalhar com o Grupo de Sinos?
Gilza: Fui convidada pela, então, regente Denise Herdy.
2.Já imaginava que essa seria uma paixão tão duradoura?
Gilza: Não mesmo! Achava que ficaria ali pouco tempo.
3.O que é mais desafiador e mais gratificante em reger um grupo tão único como esse?
Gilza: Isso varia de acordo com a formação do grupo. No grupo atual o maior desafio está no pouco tempo que temos juntos e no fato de haver vários regentes dentro dele. A profusão de olhares e percepções pode acarretar um pouco desencontros no início da leitura das peças, bem como na interpretação de cada uma delas. O ponto positivo é exatamente o mesmo!! Rsrs Com o grupo tão qualificado é possível receber dicas e informações relevantes o tempo todo. Todos contribuem com a aquisição de acervo, material de conserto, técnicas de execução, entre outros.
4.Como funciona o ensaio semanal?
Gilza: O ensaio dura 1h. Quando necessário, marcamos encontros extras.
5.O que vocês mais focam durante os treinos?
Gilza: Em tempos de agenda apertada, apenas o repertório. Quando estamos em tempos mais calmos, o ensaio enfatiza as diferentes técnicas e movimentos que contribuirão para uma melhor apresentação.
6.O repertório apresentado tem algum tema especial? Como vocês escolhem as músicas para os eventos?
Gilza: Por ser um grupo confessional (somos todos cristãos evangélicos), 90% de nosso repertório é sacro. Quando recebemos os convites, tentamos adequar o repertório à ocasião: aniversário da igreja, natal, casamentos etc.
7.Qual foi o momento mais marcante do grupo até agora, na sua opinião?
Gilza: Agora você me pegou! É realmente difícil escolher um em especial. Pra não dizer que não respondi à pergunta, escolho os momentos em que outros membros do grupo atuaram na regência. O coração fica aquecido quando os vejo cuidando dos detalhes de cada peça, imprimindo a sua visão como regente. Mas também me vejo um pouquinho neles, na forma de conduzir e de lidar com os outros sineiros. É uma sensação maravilhosa de dever cumprido.
8.O que você acha que os sinos trazem de especial para a música e para a espiritualidade?
Gilza: A beleza dos sinos é indiscutível - na minha opinião, claro (rsrs) - e eleva o nível de qualquer peça, por mais conhecida que seja, ao ser executada pelo conjunto. Quanto à questão da espiritualidade, vou destacar que a convivência e a intimidade que desfrutamos dentro do grupo, faz com que dividamos nossas fragilidades, desejos, angústias. Dentro deste cenário, nos revezamos no cuidado uns dos outros, com orações, comunhão e partilha. É comum este agir do Espírito Santo no grupo, indicando quem deve ser cuidado e quando. O mais gratificante é perceber que TODOS estão abertos para este agir e obedientes ao seu comando.
Para Raquel Cahon (Integrante há 25 anos)
1.Raquel, 25 anos é uma vida inteira com o grupo! Como começou essa história?
Raquel: Realmente é muito tempo! Quando eu tinha 15 anos fui convidada a integrar um Conjunto de Sinos Jovem sob a regência de Marcio Lannes na Primeira Igreja Batista de Niterói, pois já havia um conjunto de adultos. Depois de um tempo o conjunto de adultos acabou e o jovem assumiu seu lugar.
2.O que te motiva a continuar tocando até hoje?
Raquel: Gosto muito da técnica e do som do instrumento. E tenho um carinho especial por ter sido minha iniciação na música.
3.Deve ter muitas lembranças marcantes. Tem alguma apresentação ou momento que nunca vai esquecer?
Raquel: São três momentos que me lembro sempre quando se fala de tempos nostálgicos. Um foi o concerto que fizemos no Teatro da UFF em 2009. Executamos peças lindas e com convidados muitos especiais, como maestrina Priscila Bomfim ao piano. Outro momento foi uma viagem que fizemos a Penedo em 2005 para uma apresentação num congresso, que foi muito marcante para o congressistas e um passeio muito divertido para o integrantes do conjunto. E o terceiro momento foi quando fui regente de um Conjunto de Sinos infantil. Foi por um período curto, mas muito marcante.
4.Qual é o maior desafio de tocar os sinos?
Raquel: Acredito que o desfio é de fato tocar o sino. Ao olhar pode parecer fácil, mas a técnica é bem complexa e sempre tem algo para aprender ou aprimorar. A leitura da partitura também pode ser um desafio por ser uma leitura diferente de outros instrumentos.
5.Você já viu muitas pessoas entrando no grupo ao longo do tempo. Que conselho você daria para quem está começando?
Raquel: Tem que ter paciência e persistir, como qualquer outro instrumento. O desafio maior é por ser um instrumento que não se pode levar pra casa, os ensaios tem que ser muito bem aproveitados. Quando eu comecei, treinava em casa com uma escova de cabelo em cada mão, simulando ser sinos para treinar a técnica.
Para ambas
1.Como vocês descrevem a experiência de tocar em eventos como o Encontros Musicais?
Gilza: Ah, é maravilhoso!! Funciona em todas as esferas possíveis! É tempo de aprender, de ensinar, de evangelizar, de comunhão. É o povo de Deus em seu estado puro!
Raquel: É uma experiência muito especial por levar o instrumento que não é muito comum no Brasil ao conhecimento de novas pessoas. É muito gratificante também para nós ver a reação de satisfação de quem está assistindo.
2.Tem alguma peça do repertório que seja mais especial para vocês neste recital?
Gilza: Gosto muito da Amem Siakudumisa. É uma peça de origem africana. Acho que é uma prova irrefutável de que o conjunto de sinos pode tocar qualquer estilo musical.
Raquel: As peças Te Deum e Three Psalms for Bells são lindíssimas e estão entre as mais antigas que executo.
3.Para quem nunca viu um grupo de sinos ao vivo, o que vocês diriam que torna essa experiência única?
Gilza: Nossa, chega a ser uma experiência sensorial! Rsrs Você pode apreciar a peça como um todo. Pode também observar cada aspecto da música separadamente: melodia, harmonia e ritmo. Ainda consegue se ater à plástica da apresentação - os movimentos coordenados dos membros é impressionante. Por ultimo, mas não menos importante, feche os olhos e se deixe “conduzir” pela peça apresentada. Ela traz consigo uma mensagem profunda que vai tocar o seu coração.
Raquel: O som é único e diferente de tudo que se já ouviu como sino. A sincronia dos integrantes para formar a música se torna quase um balé, um espetáculo a parte. Se nunca viu ao vivo, recomento veementemente!
Conheço o grupo de sinos, desde o seu início. Acho maravilhoso e será um privilégio para a IBCN receber dia 28 no Encontro Musical. A música em suas várias nuances acalma o nosso espírito e traz um aconchego ao coração. Sejam bem vindos a IBCN.